quinta-feira, abril 20, 2006

Aqui e na moita...





No outro dia foi dia (que espanto, ter sido dia nesse dia). [Mas dia de quê?] … de eleições…
Sim, já foi há algum tempo (a meno che stiamo parlando dell'Italia), e não querendo fazer quaisquer análises política, geográfica, económica ou mesmo gastronómica dos candidatos ou do resultado que por certo acabaria numa gastroenterite [até porque não sou um super-entendido em toda e qualquer super questão como o M. S. T. (excepção feita ao seu penteado)], o que me apraz aqui dizer é:

Oi?

Recebi uma carta a dizer qualquer coisa como:

Ou tu, como caro concidadão, estás lá no Domingo às 7:00h ou arranjas uma justificação, preferencialmente médica, para seres substituído, cujo prazo de entrega já findou. Se não fores de uma força politica com cor de campeão nacional de futebol 04/05, ainda podes fazer o que quiseres com o cheque.

Vá…Era resumidamente isto, com uns artigos, supostamente de um qualquer código,
que não o da estrada certamente, até porque também este não nos “guia” a lado nenhum. Com algum medo, diria até, receio de não poder candidatar-me, no futuro, a presidente de todos os portugueses, ou a percentagem dos que restarem considerando a taxa


(Pt) / (Pt + Mix) * 100


– (Pt) representa o número de habitantes portugueses
- (Mix) engloba toda a mistura de trabalhadores da construção civil, do Chimarrão e afins, cabeleireiros e centros de estética e massagem, casas “dubidosas” perto do Bom Jesus daquela zona, etc…
(Ainda bem que o Canadá está a dar uma ajuda)
lá apareci, um pouco mais tarde, pô...
A primeira coisa em que se repara é no olhar desconfiado com que somos fulminados – “Quem será o candidato dele? Será que vai falcatruar a coisa? Ou vai tentar controlar a minha?” – isto tudo enquanto se contam papéis, também chamados de boletins de voto, que nunca vêm em número certo e sabe-se lá porquê… Às 8:00h já estão alguns impacientes à porta a reclamar que têm pressa, à semelhança dos que aparecem a correr às 18:58 depois de um domingo a ver os magníficos filmes daquele canal que também chegou a ser conhecido como “o da Igreja”.

E a festa começa que nem como ritual do mágico que mostra a cartola, ao mostrar-se a urna vazia. Inicia-se o processo – “B 1028” – número que os escrutinadores procuram apressadamente como se estivessem em competição por algum prémio – “José da Silva Antunes Mendes Rebolho” (qualquer semelhança com a realidade é pura, digamos até casta ou virgem coincidência). E ouve-se um orgulhoso – “Aqui e na Moita…” – vindo do eleitor exibindo um sorriso enorme por tão grandiosa resposta. É aqui que começam as minhas dúvidas (isto se exceptuarmos a dúvida sobre o género da Belle Dominique, sim porque o do J.C.B é mais que sabido e confirmado).

“Aqui e na Moita…”? Porquê? Porquê “Aqui e na Moita…” e não “Aqui e em Corroios…”? E será que é “Aqui e na Moita…” reportando ao local ali da região de Setúbal, por onde passa o IC32, ou será “Aqui e na moita…” relativo às coisas da botânica?

Será habitual mudar de nome na Moita, sendo esta uma região de costumes tauromáquicos e saber-se ser no talho que o boi perde o nome? E o eleitor mostra com orgulho que não o perdeu, quem sabe contente por ainda não ter ido para o talho…
Acredito que atrás da moita, a da hipótese botânica, se perca muita coisa, desde a parte de trás de um brinco, uma moeda ou outra, a honra, o medo, até tempo sem fazer nada jeito quando se podia dar uma grande poda, mas o nome, perder o nome? Quer dizer, pensando bem, e olhando o panorama que cada vez mais nos rodeia, não admira que por uns instantes, quem sabe até para a vida, um Carlão, nome fictício ou real, passe a ser o Carlinhos, o Cácá ou até mesmo a Sheila, de um ou de muitos...
E depois andam nas ruas os críticos da tauromaquia, muitas vezes os defensores do vegetarianismo, em manifestações...
Agora expliquem-me, qual a melhor? A causa a apoiar? A das tradições tauromáquicas como a da “Moita”, em que homens se misturam com touros, ou a outra, mais ambiental, como a da “moita”, onde se defende o arbusto e em que o animal é substituído pelo Homem? Afinal em qual das duas opções se dá mais importância ao animal do que ao Homem? Vamos deixar de ter o típico português da patilha farta e apreciador da bela gastronomia portuguesa para passarmos a ter um outro tipo à procura de algo nos arbustos, em posições suspeitas e que, quando lhe dá o apetite, prefere outras coisas para “comer”? Não sei...
Certo é que não se ouvirá, pelo menos para os lados de Viseu, alguém a dizer “Aqui e nas áreas de repouso das autoestradas...” ou então, se o fizer, é bastante provável que seja pela última vez...